O surgimento e inspiração da Educação Vicentina reside em uma experiência religiosa particular: o carisma vicentino. Este refere-se ao conjunto de convicções e práticas historicamente intuídos, vividos e transmitidos pelos Fundadores Luísa de Marillac e Vicente de Paulo através de suas experiências espirituais e apostólicas.
Luísa de Marillac (1591-1660) nasceu em Paris, de origem nobre por parte da família paterna; desconhece-se a origem e identidade de sua mãe. Recebeu uma esmerada educação na infância e desde jovem desejava consagrar-se a Deus, o que não conseguiu realizá-lo no momento e no modo como desejava. Seguindo a tradição cultural e religiosa de sua época, assumiu, assim, a vocação matrimonial e a maternidade. No ano de 1623 viveu uma experiência espiritual profunda que lhe permitiu intuir o modo original como viveria futuramente seu projeto de vida consagrada. Após se tornar viúva, encontrou na orientação e na cooperação com as iniciativas de serviço aos pobres organizadas por Vicente de Paulo, uma forma audaciosa e original dessa consagração almejada, vivida nas “idas e vindas” no meio do povo e no atendimento às suas necessidades. Seus passos foram seguidos por muitas outras jovens, dispostas a tudo deixarem para servir os pobres em nome de Jesus Cristo. Exímia educadora, para ela a ação educativa correspondia a um ato de justiça que completa o amor-caridade, ao qual todo vicentino é chamado a assumir em sua missão.
Vicente de Paulo (1581-1660) nasceu em Pouy, sul da França. Filho de camponeses, ainda jovem foi iniciado nos estudos teológicos. Inicialmente motivou-se por um desejo de estabilidade que lhe permitisse ajudar a família, para o que a carreira eclesiástica contribuiria. Contudo, no exercício de seu ministério e no encontro com os mais pobres, viveu um autêntico processo de conversão que o levou a empreender inúmeras iniciativas de assistência e promoção deles. Vicente de Paulo marcou profundamente a realidade eclesial e social de seu tempo. Sua notável contribuição se deu no âmbito da reforma da Igreja, especialmente na formação do clero, e na organização de uma vasta rede ad intra e ad extra de relações e parcerias para o atendimento dos pobres e superação das estruturas de pobreza.